quarta-feira, 28 de julho de 2010

Poema (sem nome)

Ainda nao sabia que podia colocar
toda a claridade na boca
mastiga-la como carne
e digeri-la sem retorno aparente

faço de mim devoto franco
do que nao sei dar nome
por nao querer dar
pois, se ja deu, some
aquilo que nao tinha nome

isso sem nome é dado
inspirado, usurpado, assassinado e reencarnado
que nao se encontra como um concreto
nem é tao raro quanto o calice sagrado
domina e é dominado
pela caricia crua
de algo inominado

o veludo da tua pele
se chama veludo
mas nao tem nome
o cheiro do pescoço
se chama perfume
mas nao tem nome

preciso do dominio
da vontade de ser dominado
pelo que pra mim era calado
e agora fala pelos cotovelos
coisas sem nome!

podem haver varias caminhos em um ano
mas cada segundo tem um so
como nao existe ano sem segundo
mas sim segundo sem ano
(segundo a velocidade que estou pensando)
o agora constroi uma ponte solitaria
pelo qual meu Novo deve passar.

Tao novo como aquilo sem nome.


27/07/2010

Pela Praça

Quando me lembro
Daqueles que gostam de conversar na praça
me vem uma cor de coisa nova
daquelas que mesmo velhas
se acha a mesma graça

quando criança que corria por ali
me achava esperto por nao passar
nem dez minutos no banquinho a conversar
e hoje, nao menos criança,
atravesso a praça de andar pulsante
com os mesmos olhos a me atravessar
das mesmas pessoas que me viam passar correndo
dizendo, pensando talvez,
"olha la como ele ja esta"

ca entre nos, nao queria ficar a pensar
como seria legal
avisar a cada um ali que dez anos depois
talvez pouco mais,
gostaria de chamar a todos para um café
ou para encher a cara
dos anais de minha juventude

27/07/2010

domingo, 2 de maio de 2010

Vagaluminaremos nosso paraíso!
Nadaremos dentro do canal
Vingaremos toda piedade do mundo
Se lambuzando de água e sal

La La La la Laaa

sábado, 10 de abril de 2010

[ Enchente ]


Não foi bala na cabeça
nem foi tiro de rojão
antes que não amanheça
jogue fora essa lição

Não há como culpar pela jurisdição
A calçada é algo modificado
a água que te afoga, não
A moral não exerce força extra-moral
Janelas de apartamentos
são suítes de um cruzeiro inter-continental

ó pão, mostra que o fogo precisa queimar
ei pão, bota essa terra pra balançar!
pois ninguém vai conseguir provar
que o epicentro é longe daqui
em nenhum lugar

a prática cogita um teto automóvel
ou uma palafita mutante
um peixe falante
uma perna-de-pau-de-poste
ou qualquer outro achar pedante
A proeza de Cam inspirou uma nova arca
cheia de botões que nem adianta tentar,
não é a dos bichos nem das Índias Ocidentais
de praga, não vai funcionar.

De muitas será a primeira
primeira depois de muitas
arrasta vilas inteiras
e não há a quem prestar contas
a história consome toda a história
o arranjo urbano sob o contexto cruel
se não há derrota, não há vitória
nem resposta dada em cada metro quadrado de céu

de muitas será a primeira
primeira depois de muitas

sexta-feira, 19 de março de 2010

[ Balela de Pêlo ]

O cabelo me cansa
que sacode e balança
pela barba de morcego
que eu não tenho medo
e se vir daquele jeito
aparo o ouvido, senão peito
pra um não ao desequilíbrio
do som que move a dança
balança e balança...

Filho de Bartira
se perturba com barulho
e se a canastra não sai, vai roubar pitanga
não tem graça sem cabelo
a vila o chama de fedelho
é muito cabelo
pentelho, pitanga.

Coça careca na munheca
só na narina, meleca.
e tá lá: dentro do cabelo do fedelho
tira uma bolinha do cesto
se é peruca é pra metê-lo
coça careca;
se não tem, é cabelo.


só/pé/pêlo

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sensação Cor.


O colorido dos contos de fadas selam o sucesso de Best-Sellers e a imaginação de fantasias que persistem durante gerações, como acúmulo de composto orgânico, que no meu quintal, dia-a-dia enriquece novamente a terra. Mas acho que talvez a relação das fadas com as cores passe diretamente e reverencialmente pelo preto e pelo branco. Assim como a nossa, reles mortais. O preto e o branco, juntos, excitam a oposição na mesma medida da complementaridade, além de nos dar uma sensação de estado bruto ou genuinidade, no caso das fotografias e películas cinematográficas. Compartilhamos as noites com todos os entes da natureza, uma vez que tudo vibra e que também somos um deles. Então aquele mesmo céu que na Lua nova apresenta aquela tonalidade escura em contraste com os pingos de claridade unica das estrelas, que parecem que foram postas à conta-gotas, é também o céu sob o qual as fadas cantam e encantam suas sensações, dissipando-as.

Foto por Maritza Mendes

sábado, 6 de março de 2010